Projeto
que exige professor de educação física no ensino básico vai a Plenário
Gorette Brandão e Simone Franco
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE)
aprovou, nesta terça-feira (11), projeto de lei prevendo que o ensino de
educação física em todas as etapas da educação básica seja feito exclusivamente
por professores licenciados na área. Com origem na Câmara dos Deputados, o PLC
116/2013 sugere
prazo de cinco anos, a partir da vigência da lei, para que estados e municípios
implantem a medida.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
flexibiliza o requisito na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental. Nessas etapas, tanto o professor de educação quanto os das
demais disciplinas podem ter formação de nível médio.
— Devido a essa abertura, é comum que professores
sem qualificação específica assumam a responsabilidade pela prática do
componente curricular nessa fase da educação básica, colocando em risco a saúde
física e cognitiva dos discentes — destacou o relatório lido pelo senador
Lindbergh Farias (PT-RJ), com recomendação favorável.
Para o relator, a adoção da exigência do
profissional também para as séries iniciais é justificável em razão da
relevância da formação motora na primeira infância (zero a seis anos) e da
necessidade de o processo ser conduzido por profissionais com qualificação
específica.
Dúvidas
Acompanhando a reunião, profissionais de educação
física e dirigentes de suas entidades festejaram a aprovação da matéria, que
agora seguirá a Plenário, para decisão final. No entanto, alguns senadores
mostraram dúvidas sobre a aplicabilidade da proposta. A preocupação é a de que
municípios em lugares mais remotos não consigam contar com graduados em
educação física para ocupar os novos postos exclusivos.
Primeira a levantar a questão, a senadora Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM) lembrou, por exemplo, que na Amazônia tem sido difícil
implantar o Programa Segundo Tempo, que oferece atividades de educação física
para jovens no turno oposto ao que estudam. O problema seria exatamente a falta
de profissionais de educação física, uma das exigências. Também fez correlação
com o Mais Médico, lembrando que esse programa foi criado para superar a
carência de médicos nos locais mais distantes.
— Agora, não é por conta disso que a gente deve
condenar o projeto, mas também não devemos botar em lei algo que não vai se
aplicar a todos os municípios – argumentou a senadora.
Vanessa indicou que não formalizaria pedido de
vista da matéria — o que automaticamente levaria a decisão para a próxima
semana — pois daria a ideia de que ela tivesse posição contrária. Mas apelou
para um diálogo com os profissionais e até com o Ministério da Educação para
uma readequação do texto. Com ou sem acordo, observou, o projeto retornaria à
pauta na semana seguinte.
O presidente da CE, Cyro Miranda (PSDB-GO), disse
que esse encaminhamento só seria possível com a concordância de Lindbergh
Farias. No entanto, o relator defendeu a votação ainda no dia. Segundo ele, a
aprovação na comissão não iria “fechar” os entendimentos, o que poderia
acontecer antes da votação em Plenário.
Cristovam Buarque (PDT-DF), ao apoiar a proposta,
observou que a solução para a carência de professores e outros problemas da
educação básica é a federalização dessa etapa de ensino. Armando Monteiro
(PTB-PE) compartilhou as dúvidas de Vanessa e disse que se empenhará para a
construção de um ajuste no texto na fase de Plenário.
Andamento
O projeto foi apresentado à Câmara pelo deputado
Otávio Leite (PSDB-RJ). Se o texto for confirmado no Plenário sem alterações,
em seguida será enviado à sanção da presidente Dilma Rousseff. Caso receba
emenda, retornará à casa de origem para exame das alterações.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência
Senado)
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